Herbários revelados: Por que guardar plantas pode mudar o futuro?

Esta exposição virtual do Herbário HUAM foi criada para ampliar a experiência do público com as amostras botânicas apresentadas fisicamente em nosso acervo. Por meio de imagens, textos e ilustrações, destacamos algumas das espécies em exibição e revelamos o papel essencial dos herbários na ciência, na conservação e na conexão entre plantas e pessoas. Mais do que uma vitrine de plantas secas, esta mostra convida você a descobrir por que preservar coleções botânicas pode transformar o nosso futuro.

Explore as famílias e espécies em destaque!

Navegue pelos destaques do Herbário HUAM e descubra histórias, usos e curiosidades sobre as plantas que ajudam a revelar a riqueza da nossa biodiversidade.

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O que é um herbário?

Um herbário é uma grande coleção de plantas preservadas, ou exsicatas, que serve para estudos científicos.

Essas coleções são como "bibliotecas de plantas" e são importantes para a ciência, ajudando a identificar e classificar novas espécies. Essas plantas também funcionam como "cápsulas do tempo", revelando como o mundo e as plantas mudam com o tempo.

Esses acervos ajudam a identificar onde uma planta pode crescer, a proteger espécies ameaçadas e a prever como as mudanças climáticas podem afetar suas distribuições.

A conservação de plantas depende, em grande parte, do conhecimento obtido por meio dos herbários.

A palavra herbário vem do latim herbarium, que é derivada de herba, que significa "erva" ou "planta". O sufixo -arium indica um local ou coleção. Portanto, herbarium literalmente significa "lugar de plantas" ou "coleção de plantas".

Uma exsicata das dos frutos e uma foto do fruto in natura de Annona montana Macfad., conhecida popularmente como falsa graviola.

Herbários: Guardiões da Sabedoria

Historicamente, os herbários desempenharam um papel importante na compreensão e utilização das plantas medicinais.

Esses acervos serviam como bibliotecas de conhecimento, documentando não apenas as plantas em si, mas também as tradições culturais e os saberes populares associados a cada espécie.

Essa prática não apenas ajudou a preservar o conhecimento sobre a flora medicinal, mas também fomentou a pesquisa científica que, ao longo do tempo, levou à descoberta de medicamentos essenciais.

Ilustração inspirada nos médicos da época que coletavam e catalogavam plantas medicinais, preservando o conhecimento sobre seus usos.

Fonte: imagem gerada pela IA Dall-E

Não podemos proteger o que não conhecemos!

Uma das funções mais importantes dos herbários é a taxonomia, o ramo da ciência que descreve novas espécies e as organiza em grupos relacionados.

Para descrever uma nova espécie de planta, os cientistas precisam das amostras armazenadas nos herbários. Antigamente, essa identificação era feita apenas pela morfologia, ou seja, tamanho, forma e estrutura da planta. Hoje, os taxonomistas também utilizam informações genéticas, como o DNA da planta, que funciona como uma impressão digital única.

Ao comparar o DNA de diferentes espécimes, os cientistas podem entender as relações entre as plantas. Às vezes, o DNA revela que o que parecia ser uma única espécie é, na verdade, várias espécies diferentes, mas visualmente semelhantes!

Fonte: imagem gerada pela IA Dall-E

Não podemos proteger o que não sabemos onde está!

Os herbários também são essenciais para mapear a distribuição das espécies.

Cientistas utilizam as coleções de herbário para criar mapas detalhados, registrando todos os locais onde cada espécie foi coletada.

Esses mapas são fundamentais para a conservação, pois ajudam a identificar quais espécies estão ameaçadas pela urbanização e pela perda de habitat, como com as expansão de áreas desmatadas.

A distribuição refere-se à forma como uma espécie se dispersa em uma determinada área, geralmente influenciada pelas condições ambientais que favorecem o seu desenvolvimento.

Fonte: imagem gerada pela IA Dall-E

Evidências de alterações provocadas pelo Aquecimento Global: Brotação Antecipada de Espécies em Climas Temperados ao Longo de 100 Anos

Ilustração de exsicatas do Acer rubrum L.,

com exemplos de amostras coletadas em março com flores (A). Coletas feitas em abril incluem frutos e sementes (B). E coletas feitas em maio possuem folhas jovens (C).

Adaptado de Fortier RP, Heberling JM and Feeley KJ (2024)

O exemplo dos períodos de aparecimento de folhas jovens em Acer rubrum L. num gráfico de dispersão com dois eixos.

O eixo horizontal mostra a temperatura ambiental na coleta das amostras, e o eixo vertical, as datas de coleta das amostras com brotação das folhas.

Cada ponto representa uma amostra coletada. Pontos azuis no canto superior esquerdo mostrariam os anos mais frios e as brotações tardias, enquanto os pontos vermelhos no canto inferior direito indicariam anos mais quentes com brotações mais adiantadas.

Uma linha de tendência pode ser adicionada para destacar o impacto do aumento das temperaturas de primavera devido ao aquecimento global.

Adaptado de Fortier RP, Heberling JM and Feeley KJ (2024)

Monitorando o Ciclo das Flores

Os herbários não são apenas coleções de plantas secas; eles também são essenciais para estudar a fenologia — o momento em que as plantas florescem, frutificam e produzem folhas.

Como os espécimes de herbário frequentemente incluem flores e frutos, as datas de coleta nos revelam quando uma espécie produz suas flores. Ao analisar os períodos de coleta, podemos observar como as mudanças climáticas afetam os tempos de floração.

Pesquisas recentes mostram que muitas espécies de plantas em todo o mundo estão florescendo e brotando folhas cada vez mais cedo a cada ano. Isso se deve, em parte, ao aquecimento global, que tem encurtado os invernos e antecipado a chegada da primavera.

Embora isso possa parecer uma boa notícia, a mudança no calendário natural pode trazer problemas. Imagine, por exemplo, se as árvores começam a florescer mais cedo, mas as abelhas que as polinizam ainda estão em seu sono de inverno quando as flores murcham! Esse descompasso pode afetar não apenas as plantas, mas também toda a rede ecológica que depende delas.

Ilustração representando o papel dos herbários no estudo da fenologia e as mudanças causadas pelo aquecimento global. A imagem mostra o descompasso entre a floração precoce das árvores e a inatividade das abelhas, simbolizando os impactos ecológicos dessas mudanças.

Fonte: imagem gerada pela IA Dall-E

O Papel dos Herbários nas Pesquisas Futuras

Os herbários são verdadeiros tesouros de conhecimento sobre as plantas e, hoje, são ferramentas essenciais para estudar os impactos das mudanças no ambiente e das alterações climáticas. Mas, para que continuem sendo úteis, os herbários precisam crescer – e muito! Para criar um mapa detalhado de onde uma espécie vive, por exemplo, precisamos de dezenas ou até centenas de amostras. O problema? Muitas plantas raras são conhecidas por apenas uma ou duas amostras, e milhares de espécies nem sequer foram coletadas ainda. Quantas dessas maravilhas desaparecerão antes mesmo de serem descobertas, identificadas e mapeadas?

Então, como conseguimos mais informações para proteger essas espécies? Primeiro, precisamos de mais amostras. Isso significa que precisamos de mais pessoas – como você – apaixonadas por botânica e dispostas a explorar e coletar plantas. Segundo, temos que continuar digitalizando as coleções dos herbários, tornando-as acessíveis para qualquer pessoa no mundo, de qualquer lugar. Com mais informações e mais mãos ajudando, quem sabe um dia poderemos proteger todas as espécies de plantas que habitam nosso planeta!

Ilustração de uma grande coleção de herbário, com coletas plantas e dispositivos digitais conectados às coleções, simbolizando a digitalização e o esforço global para proteger as espécies vegetais

Fonte: imagem gerada pela IA Dall-E

Fontes: Fortier RP, Heberling JM and Feeley KJ (2024) What is an Herbarium and How Does it Help Us Protect Biodiversity?. Front. Young Minds. 12:1170456. doi: 10.3389/frym.2023.1170456