Manual de Técnicas de coleta, Herborização e Herbário

HERBORIZAÇÃO

É o processo de preparação do material vegetal coletado para preservá-lo em uma coleção de plantas, o herbário. 

PRENSAGEM

Após anotação das devidas informações na caderneta de campo, da fotografia e da coleta, o próximo passo é a herborização das amostras. A prensagem é um passo importante na preparação de exemplares de herbário. Quando o exemplar está fresco, as suas porções são em geral dobráveis, podendo dispor-se com facilidade, na forma e no tamanho da folha de herbário. 

Na prensagem, as amostras são colocadas uma a uma em folhas de jornal, identificadas com a família, a data e as iniciais e número do coletor. Essas informações devem ser colocadas sempre na mesma posição no jornal, para facilitar uma posterior procura e com LÁPIS ou caneta que não borra com álcool.


A prensa é constituída por:

MONTAGEM DA PRENSA

O material botânico deve ser cortado com aproximadamente 40cm que é o tamanho da folha do jornal onde será prensado. Ramos e folhas dentro do mesmo jornal não devem estar sobrepostos, pois isso dificulta a visualização das características do espécime na exsicata. Amostras muito volumosas ou de grandes dimensões devem ser diminuídas para melhor visualização das características da amostra e armazenamento nas pastas do herbário. Deve-se tomar cuidado para que ambas as faces foliares estejam visíveis na amostra seca. Portanto, na hora da prensagem algumas folhas devem estar com a face adaxial para cima e outras com a face abaxial. A parte fértil deverá sempre representar sua disposição no vegetal.

A prensa é montada com as amostras nas folhas de jornal intercaladas com papelão e corrugado (não deixar as amostras em contato com o corrugado, para não queimar as amostras). Fazendo um sanduíche com todas as amostras e o papelão vem as tábuas de madeira que darão estabilidade e firmeza para as amostras serem amarradas. A prensa é fechada com auxílio de duas amarras, que pode ser uma cinta grossa, cordas, correias e até mesmo elástico de motociclista. As amarras devem estar bem apertadas para evitar que as plantas fiquem enrugadas.

DICAS PARA PRENSAGEM

Algumas plantas requerem metodologias especiais de coleta e herborização:

Palmeiras: Como as folhas das palmeiras são geralmente grandes, corta-se um dos lados da folha, deixando sempre o ápice com os dois lados. Depois corta-se a folha de modo que as partes caibam nas dimensões do jornal. Não esquecer de numerar as partes da folha na sequência em que foram cortadas e de prensar a inflorescência ou frutos com a espata.

Cactos: Cuidados com os espinhos, use luvas de contenção. Colete uma fatia do cacto com a região dos espinhos na posição vertical e na horizontal. Para os que têm o caule achatado (como uma folha, p.ex. Epiphyllum), faça um corte no caule para que a amostra possa desidratar com maior eficiência na estufa.

Bromélias: Dependendo do tamanho do indivíduo é possível coletá-lo inteiro. Tome cuidados com os espinhos, use luvas de contenção. Em espécies de caules espessos ou com muitas folhas é conveniente seccionar as plantas longitudinalmente em duas partes. Para indivíduos for muito grande, colete as folhas com as bainhas e as flores ou frutos separadamente. Não esquecendo de fazer uma descrição detalhada do indivíduo.

Plantas aquáticas: Para a coleta de material úmido, recomenda-se o uso de muitas folhas de jornal e papelão, para reter a umidade da amostra.

Samambaias: Devem ser coletadas com frondes inteiras, vegetativas e férteis, isto é, portando soros, ou estróbilos e, se possível, coletar também rizomas.

Plantas dioicas: Quando a planta é dioica, deve-se, se possível, coletar material de ambos os sexos.

Cipós e lianas: Espécies de lianas, cipós, plantas com ramos muito grandes ou gramíneas de grande comprimento normalmente não cabem nas dimensões de uma folha de jornal. Nesses casos, deve-se dobrar os ramos no formato das letras “V”, “N” ou “W”, de forma que caibam no jornal e, consequentemente, na cartolina da exsicata.

SECAGEM / DESIDRATAÇÃO

Após finalizar a montagem das prensas, elas devem ir para estufa de lâmpadas ou à gás para que sejam aquecidas e desidratadas, à temperatura entre 50 a 70ºC por um período de mais ou menos 72 hs, dependendo da característica do material botânico. Quanto mais fria e lentamente for a secagem melhor ficará preservada a cor do material.

Antigamente o material botânico era seco em brasa, porém este método tinha de ser constantemente supervisionado por causa da alta probabilidade de se incendiar o material e se perder as coletas. Esse risco ainda é corrido com a secagem do material com em estufas a gás, porém como o fogo é melhor controlado, este é um método mais seguro e mais utilizado em campo atualmente.

O material pode ser desidratado ainda ao natural, colocando as prensas em local ensolarado, e pouco úmido, com constantes checagens e trocas de jornal para que não funguem.

Em excursões por um longo período, caso não seja possível secar o material depois de prensado, faz-se os pacotes com jornal, adiciona-se  álcool e acondiciona em saco plástico resistente e em seguida vedar o saco.  As amostras conservadas em álcool devem ser colocadas entre camadas de no máximo 2 materiais por papelão, para que o álcool do jornal seja evaporado mais rápido.

Durante o tempo que a prensa fica dentro da estufa, ela deve ser checada periodicamente. As amostras já secas devem ser retiradas e as úmidas devem voltar para a estufa. Nesse momento de troca, conferir o aperto das amarras é importante.

MONTAGEM

Após a secagem do material botânico, seleciona-se a melhor amostra, a qual será montada em papel cartão de tamanho padronizado, sendo de preferência costurado com linha e/ou colado. A exsicata, montada no papel cartão recebe uma etiqueta, a qual é colada no canto inferior direito do mesmo, onde estão transcritas todas as informações anotadas no campo. A etiqueta possui as informações anotadas na caderneta de campo para aquela amostra. Sua finalidade é fornecer todas as informações que foram perdidas no processo de secagem da amostra. As partes mais sensíveis desidratadas separadamente que foram retiradas ou caíram durante o processo podem ser guardadas em um envelope colado na parte superior esquerda da cartolina.

Para melhor organização das coleções botânicas, as plantas são coladas ou costuradas em folhas de cartolina de 29 X 42 cm. Cada cartolina possui a amostra desidratada e uma etiqueta no canto inferior direito. A essa cartolina com a planta e etiqueta dá-se o nome de exsicata. Essa exsicata recebe uma capa protetora de 42 x 59 cm e do lado de fora dessa capa deve-se escrever o número de registro da amostra, o nome da família e o nome científico.

Utiliza-se para a montagem: papel cartão branco, cartolina amarela (capa de gênero), papel Kraft (capa de espécie e capa de exsicata), papel manteiga para confecção de envelopes (para acondicionar folhas, flores ou frutos que desprendam-se do material herborizado), tesoura de costura, cola hidrossolúvel, linha branca (linha de pipa) e agulha.

Após a montagem, os espécimes de herbários são armazenados em latas ou armários especiais, geralmente de ferro, e são arquivados em ordem por grupo taxonômico.